Seminário Pe Mariano Avellana

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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Eis o tempo de conversão



“Convertei-vos e crede no Evangelho. Lembra-te que és pó e ao pó retornarás”.

São duas reflexões que nos são propostas quando o ministro sagrado, num gesto sacramental, impõe cinzas sobre nossas cabeças que se curvam penitentes. Não vamos receber as cinzas como num ritual sem sentido. Conscientes do pecado do mundo, do nosso pecado também, que quer destruir o plano divino, caminhamos ao encontro da misericórdia de Deus que, pela Encarnação de seu Filho vem restaurar a Humanidade e a todo o Universo. A pregação do profeta Joel que, neste primeiro dia da Quaresma, ecoa em toda a Igreja, nos convoca a conversão, a rasgar nosso coração na sua profundeza, ao arrependimento e a nos abrirmos à bondade divina, acreditando no Evangelho. A penitência que fazemos o jejum, a oração e a esmola não são obras externas. Nascidas no interior da nossa consciência apresentamo-las ao Pai, sem trombetearmos pelas ruas e praças, mas na humildade do publicano que, do fundo do templo, batia no peito dizendo “Meu Deus, tem piedade mim que sou pecador” (Lc.18,13)
Celebrar a Quaresma é, portanto, reconhecer a presença de Deus na caminhada, no trabalho, na luta, no sofrimento e na dor da vida do povo. Como o povo de Israel, que andou 40 anos no deserto antes de chegar à terra prometida, terra da promessa onde corre leite e mel. Como Jesus, que passou quarenta dias de retiro no deserto antes de anunciar a vinda do Reino. Que subiu a Jerusalém para cumprir a missão que o Pai lhe confiou: dar a sua vida e ser glorificado. A Quaresma, e isso é bem evidenciado na sua história, é um tempo forte de conversão e de mudança interior, tempo de deixar tudo o que é velho em nós, tempo de assumir tudo o que traz vida para a gente.Tempo de graça e salvação, em que nos preparamos para viver, de maneira intensa, livre e amorosa, o momento mais importante do ano litúrgico, da história da salvação, a Páscoa, aliança definitiva, vitória sobre o pecado, a escravidão e a morte. A espiritualidade da quaresma é caracterizada também por uma atenta, profunda e prolongada escuta da Palavra de Deus.
A espiritualidade da quaresma está centrada num caminho de conversão para Cristo, que se fez servo obediente ao Pai até a morte de cruz. Temos que pensar segundo Deus e não segundo os seres humanos, exigindo assim uma mudança íntima e radical. A escuta da Palavra de Deus ilumina nossa consciência para enxergar os próprios pecados, nossa infidelidade para com a aliança, isto é, a misteriosa relação nupcial de amor entre Deus e o seu povo.
A Quaresma é tempo de renovação espiritual, uma espécie de retiro pascal estruturado no trinômio: oração, jejum e esmola (solidariedade, misericórdia). “O que a oração pede, o jejum alcança e a misericórdia recebe. Oração, misericórdia, jejum: três coisas que são uma só e se vivificam reciprocamente” (Pedro Crisólogo, século IV).
No Brasil, a dimensão comunitária da Quaresma é vivenciada e assumida pela CF - Campanha da Fraternidade. A cada ano, a Igreja destaca uma situação da realidade social que precisa ser mudada. A CF ilumina, de modo particular, os gestos fundamentais desse tempo litúrgico: a oração, o jejum e a esmola.
O tema da CF-2010 Ecumênica - “Economia e Vida” – foi escolhido a partir de sugestões nascidas da consciência cristã das Igrejas-membro do CONIC. Na Bíblia, os pobres e todos os necessitados estão no centro da justiça que Deus exige das relações humanas e econômicas. A pobreza é produto de decisões e de políticas humanas. Reverter as situações de extrema necessidade de um elevado número de cidadãos e cidadãs brasileiros é obrigação inadiável de uma de uma sociedade como a nossa que aspira a ocupar lugar entre os países mais desenvolvidos do mundo.
A Campanha quer contribuir a equacionar a relação entre Economia, vida humana e conservação do meio ambiente vital. Reconhecendo a natureza social e política da economia, a CFE deve avaliar criticamente o sistema econômico hegemônico e as opções políticas dos governos a partir das condições de vida das pessoas que sofrem pelo perpetuar-se do estado de pobreza e de miséria.

Hitamar Andrade
1º ano de Filosofia

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