Há exatamente um ano, chegou até nós o convite para participar da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que aconteceria em Madri, na Espanha. A congregação, que sonha reunir jovens de todas as frentes missionárias para que, a partir daí, possa criar aquilo que chamamos de juventude claretiana, viu no evento uma oportunidade. A JMJ seria um marco importante para começar um trabalho mais efetivo com a juventude.
O então diácono Fernando Henrique prontamente aceitou o desafio. Além do comunicado feito na Assembleia Provincial de em Jundiaí, SP, ano passado, ele enviou comunicados a todas as frentes missionárias, animando a participação na jornada. Poucos atenderam à solicitação. Mesmo assim, o grupo envolvido no projeto não desanimou.
Aqui expressamos nosso agradecimento às comunidades de Pinhais, Araçatuba, Contagem e Goiânia, que não mediram esforços em apoiar os jovens claretianos. Foram meses de preparação, com leitura da autobiografia do padre Claret, estudo sobre o carisma claretiano e promoções para angariar fundos para a viagem. Não obstante as dificuldades, os envolvidos permaneceram firmes, pois estavam “enraizados em Cristo”. Sou testemunha de tantas barreiras enfrentadas.
Antes de sair em direção a Madri, no dia 9 de agosto passado, nos reunimos em São Paulo para uma maior integração do grupo. No dia seguinte, tivemos uma missa de envio presidida pelo nosso superior provincial, pe. Marcos Loro CMF. Com a bênção de Deus iniciamos nosso trajeto, que levaria exatamente 14 dias.
Ao chegarmos a Madri fomos diretamente a Segóvia. Ali nos juntamos com mais de mil jovens de nossa família. Diferente do que imaginávamos, fomos recebidos com uma calorosa bienvenida dos espanhóis que ali residem. Caloroso também era o clima na Espanha.
Iniciava ali o que para nós ficará inesquecível: a pré-Jornada em família. O clima era de alegria, abertura e acolhida do diferente. Os dias foram passando e os laços de amizades aumentando. Os nossos jovens ficavam cada vez mais estarrecidos com a riqueza que significa pertencer à família claretiana.
No dia 13 de agosto, festa dos mártires de Barbastro, tivemos nosso momento de peregrinação, caminhando de Segóvia em direção a Granja. Dia de nos apaixonarmos por Cristo e experimentar a paixão sentida por aqueles 51 jovens que testemunharam sua fé em Jesus. Após 11 quilômetros de caminhada em oração, entramos no local onde esteve muitas vezes o padre Claret.
Esse foi outro momento de gozo para todos nós. Na Igreja do Rosário, local onde o padre Claret recebeu a grande graça da conservação da espécie em seu peito, tivemos a alegria de celebrar a Santa Eucaristia, recordando aqueles claretianos que foram testemunhas fiéis até as últimas consequências.
Edificados pelo testemunho desses nossos mártires e pela companhia de irmãos de diversos países, continuamos com a nossa programação. Entre os dias 11 e 15 a bela cidade de Segóvia foi palco da alegria e testemunho de jovens claretianos de todo o mundo. A vitalidade do carisma claretiano os contagiou e animou a serem missionários de Jesus Cristo.
Após celebrarmos a festa da Assunção de Nossa Senhora, no dia 15, regressamos a Madri para dar inicio à JMJ. Ao chegarmos fomos hospedados na comunidade da Filiação Cordimariana. Os demais grupos ficaram hospedados no Colégio Claret, também em Madrid. Fomos muitíssimos bem recebidos.
No dia 16 voltamos a nos encontrar como família claretiana na Igreja Nossa Senhora de Guadalupe. Esse seria o nosso último encontro na pré-jornada. Nessa ocasião tivemos a missa de abertura da JMJ presidida pelo arcebispo de Madri, dom Antônio Maria.
A partir daí sentimos o impacto e a força da Igreja. Centenas de milhares de jovens marchavam pelas ruas e praças cantando e louvando a Deus. A idéia que tínhamos de que os jovens europeus eram frios e desanimados foi se desfazendo. A audácia e acolhida fervorosa de tantos jovens espanhóis, franceses, poloneses, italianos e portugueses nos surpreendeu.
As praças se transformaram em montes de adoração. Os metrôs em catedrais. Os restaurantes, mesas de igualdade. As ruas, sendas de alegria e acolhida fraterna. Como narra o Evangelho de São João (4,23) – “mas vem a hora – e é agora – em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade, pois tais são adoradores que o Pai procura”. Foram dias de graça. Um verdadeiro Pentecostes. Cada um falando em sua própria língua, porém todos se compreendiam.
Estávamos todos contagiados pela alegria e pela fé. Podíamos sentir o poder Deus manifestado naquela multidão congregada à espera do seu pastor. Soava-nos forte a passagem do Evangelho de João (10,14) – “Eu sou bom pastor; conheço minhas ovelhas e elas me conhecem”.
O Santo Padre chama a juventude para o encontro com o Mestre e ela prontamente atende a esse chamado. Muito mais que sedentos de água diante do forte calor que fazia em Madri, aquela juventude estava sedenta de Deus. Aqui novamente me vinha à memória do Evangelho de João (4,15): “Senhor dá-me desta água...”
O desejo de escutar a palavra de Deus fez aquela multidão suportar as altas temperaturas, tempestade e o frio na madrugada da vigília no Aeródromo de Quatro Ventos. Ali sentíamos a força da Igreja. Em no meio à imensa multidão estávamos nós, juventude claretiana do mundo e do Brasil, sendo fermento na massa e sal da terra. “Enraizados em Cristo, firmes na fé”.
Depois desses dias de catequese com os bispos e encontro com o Papa, voltamos a nos reuni para celebrar e partilhar o que vivenciamos. Foi em clima de alegria e em atitude de ação de graças que terminamos a pós-jornada com a celebração da Santa Eucaristia.
Com o coração profundamente agradecido ao Senhor queremos partilhar a alegria que temos em ser jovens missionários claretianos.
Agora é a nossa vez. Desde já se inicia a grande maratona para 2013. Precisamos preparar o nosso coração e o coração do nosso povo para a Jornada do Rio do Janeiro. Precisamos fazer de nossas casas, cidades e país um ambiente fraterno e acolhedor. Precisamos reunir em família novamente, a família claretiana. Ânimo e coragem. Vamos juntos assumir essa missão. “Ide e fazei discípulos de todos os povos”.
Texto de Tiago Almeida CMF.
Texto de Tiago Almeida CMF.
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